Mais de 60% dos ovos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, coletados no Bairro Cecap, em Piracicaba, já são geneticamente modificados.
Isso significa que, a cada 100 mosquitos que vão nascer, pelo menos 60 não atingirão a fase adulta, quando podem transmitir a doença.
Os dados foram apresentados em 21 de julho deste ano, pela empresa Oxitec, parceira da prefeitura no projeto do chamado Aedes do Bem, que usa mosquitos modificados geneticamente para combater a dengue.
Potes contendo machos de mosquito Aedes aegypti geneticamente modificados foram, trazidos para liberação na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, em 30 de abril deste ano.
A primeira soltura do inseto transgênico no bairro, onde moram cinco mil pessoas, ocorreu no final de abril. Novos lotes de machos transgênicos foram liberados nas semanas seguintes.
De acordo com o gerente do projeto, Guilherme Trivellato, em meados de outubro haverá uma redução significativa na população do transmissor.
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Funcionários liberam mosquitos Aedes aegypti geneticamente modificados em Piracicaba, interior de São Paulo, em 30 de abril deste ano.
Os ovos transgênicos são identificados por um marcador fluorescente. A taxa de fluorescência acima de 60% indica que a maior parte dos ovos coletados nas últimas semanas no bairro já é de descendentes transgênicos. Eles foram geneticamente modificados para não chegar à idade reprodutiva, quando a fêmea precisa se alimentar de sangue para pôr ovos – é quando transmitiria a dengue.
O projeto utiliza uma linhagem geneticamente modificada do Aedes aegypti selvagem, produzida pela Oxitec, e é pioneiro no Estado de São Paulo.
Uma experiência anterior tinha sido feita na Bahia. A empresa tem uma unidade de produção em Campinas, com uma capacidade para produzir dois milhões de Aedes aegypti modificados por semana. De acordo com o secretário de Saúde de Piracicaba, apesar dos bons resultados, a população deve continuar eliminando os criadouros do mosquito.
Mosquitos Aedes aegypti transgênicos foram liberados em Piracicaba, interior de São Paulo, em 30 de abril deste ano.
Esta é primeira fase de soltura dos mosquitos geneticamente modificados, que não picam e nem transmitem a dengue. A cidade é a primeira no estado de São Paulo a utilizar o método que tenta reduzir o número de transmissores da doença.
Os casos de dengue no município mais que triplicaram no primeiro semestre deste ano, em comparação com 2014. Foram confirmados 3.254 casos, contra 888 do período anterior. Este ano, três pessoas morreram com sintomas da dengue – os casos ainda aguardam confirmação por exames de laboratório. Em todo o ano de 2014 foram duas mortes.
No início de julho, a revista científica PLOs Neglected Tropical Diseases, que trata de doenças tropicais negligenciadas, publicou os resultados do estudo com o Aedes aegypti modificado da Oxitec, realizado em Juazeiro, na Bahia.
Os dados mostram que a população do mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e da zika foi reduzida em 95% em comparação com a área não tratada. Segundo a revista, o índice ficou abaixo do limiar de transmissão epidêmica da dengue.
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